quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Fim das eleições ou o fim de eleições?


Para iniciar a conversa, gostaria de solicitar àqueles que estão dispostos a ler o texto até o fim, leiam-no, caso contrário abandonem a leitura nesta linha.
Faço este comentário após as eleições,  pois  impus a mim o compromisso de não me envolver em discussões políticas e ficar afastado. Não fiquei fora por falta de convicção, mas por respeito à opinião alheia. Não gostaria de correr o risco de influenciar alguém.
Aos que optaram por continuar lendo, faço um convite à reflexão. Para que ninguém se engane, declaro meus votos: votei Aécio e Sartori. Agora que sabem de onde falo, posso continuar. O meu voto não foi por filiação partidária, muito menos por paixão política, foi construído ao longo de muita análise dos candidatos. Posso ter errado, sim! Mas, se errei, foi com convicção.
Vamos iniciar pelo Rio Grande do Sul.
Votei no Sartori porque era a única alternativa que restava, tenho consciência de que o discurso dele não apresenta nada que possa conquistar meu voto, pelo contrário. Sartori voltou com o discurso da “meritocracia”, não prometeu nada ao setor da educação e pretende mexer no plano de carreira. Foi parte do governo da Ieda e Brito! Espero que ele se afaste destes funestos exemplos e aproxime-se do Rigoto que, embora tenha feito um governo pífio, foi simpático.
Não votei no Tarso por duas razões simples: não aceito que um homem público assine um plano (piso do magistério) e depois não o cumpra. Não há razão para um político não cumprir a palavra empenhada. Um homem público tem de ser alguém em quem eu possa confiar na palavra. O segundo motivo é o lamentável episódio do Batisti. O fato é vexatório por uma razão simples. Se havia motivo para a concessão de asilo para o italiano, com mais razão havia para os cubanos. Duas ações contraditórias indicam a falta de lealdade a um dos fatos. Falta de lealdade é um defeito que não aceito. Como se observa, as duas razões são pessoais, nada mais há a discutir.
A Ana Amélia talvez fosse um boa opção, mesmo sendo representante da antiga Arena (eleitor deve ter memória!), é um retrocesso que não me agrada. A RBS já nos forneceu Brito, não seria interessante repetir a mesma fórmula. Outro ponto que me desagrada votar nela é o fato de que para assumir o cargo de governadora deveria trair os eleitores que votaram nela para oito anos no Senado. Não gosto de políticos que abandonam cargos no meio de mandato.
Os demais candidatos são apenas “piadas” oriundos de uma legislação eleitoral inconsequente.
Vamos ao plano federal.
Como disse acima, votei no Aécio! Votei nele, não pelos méritos, mas porque não votaria na Dilma de forma alguma! Aécio é o retorno de FHC, sou aposentado e não sou “vagabundo” como disse o ex-presidente. O grande mérito do FHC foi o Plano Real, mas o PSDB nunca defendeu este ponto, nunca mostrou para a população o benefício de viver num país de inflação baixa. O PSDB é inábil como oposição, perdeu excelentes oportunidades de desconstrução do discurso petista e não soube construir o próprio discurso. O eleitor quer resultados, não promessas. Há um erro muito grande de estratégia na campanha de Aécio. Eles sempre propagou ter saído do governo com 92% de aprovação em Minas, mas perdeu no primeiro e no segundo turno em sua terra natal. Algo há de errado! A falta de política para as classes menos favorecidas decretou a derrota no Norte e Nordeste onde as carências são maiores. Não basta dizer que vai continuar os programas sociais do PT, isto a população já conquistou, ela quer mais. Outro erro fatal foi apresentar o Armínio Fraga! O Brasil todo já o conhece de longa data, bem como sabe de seu discurso do “estado mínimo”. O Brasil entendeu a ameaça de desemprego em massa no setor público. Alguém pode dizer que sou incoerente, mas aguardem as razões para não ter votado na Dilma para que eu possa me reabilitar.
Não votaria na Dilma sob hipótese alguma por diversos motivos. O mais imperioso é a necessidade de construção de uma imagem do Brasil no conjunto das nações civilizadas. Dilma e o PT tem por opção o alinhamento com ditaturas sanguinárias como Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Sem falar na simpatia e diálogo com o Estado Islâmico. Dezesseis anos de governo, alinhado com ditaduras cruéis, pode levar o país a um isolamento e profunda crise econômica. Venezuela não pode ser o nosso futuro!
No plano interno, o aparelhamento do Estado é um ponto vergonhoso no governo petista. Nem o STF escapou desta façanha. Hoje temos um Supremo que é a voz do partido. Bastaria que as decisões do diretório nacional do PT passassem a ter força de Súmula, coisa muito mais simples (e econômica). O STF atual é uma instituição que não dá prosseguimento à história honrada do passado da Justiça Brasileira. Se o STF reduziu-se a tanto, não há necessidade de falar nos demais órgãos públicos. Só para encerrar este ponto. Alguém se deu conta de que esta eleição foi conduzida pelo Presidente do TSE e ex-advogado do PT?
O governo atual está progressivamente implantando um clima revolucionário no País, a famigerada “luta de classes” está em curso. Norte contra o Sul, negros contra brancos, operários (proletários) contra patrões (burgueses), “T-shirts” contra “descamisados”, medicina de rico (Sírio Libanês) contra medicina de pobre (médicos (?) cubanos), favela contra “asfalto”. Os exemplos são muitos, mas bastam estes. Esta política do “nóis” contra “eles” é o gérmen da disseminação do ódio entre grupos sociais. Esta é uma política perigosíssima que pode resultar numa revolução “cubana” com todas as consequências do regime castrista ou um caos do modelo chavista, com “pombas” e “Maduros”. Como não sou adepto da “teoria do caos”, almejo que o resultado das eleições possa ter mostrado ao PT que o “eles” não é sinônimo de “meia dúzia”.
Estes dois motivos já seriam suficientes, mas vou acrescentar mais alguns que julgo de grande importância. Em primeiro lugar a vergonhosa política de “cotas” que divide a sociedade entre brancos e negros. O governo “esqueceu” de que as oportunidades devem ser para todos e não privilégio de grupos. É mais fácil criar cotas do que investir numa educação que dê oportunidades iguais. É mais fácil culpar o “eles” do que dar condições ao “nóis” para competir em condições de igualdade. O tal de PRONATEC está muito longe de ser qualificação profissional, quem pode ser considerado profissional ao final de 180 h/a? É um projeto plenamente eleitoreiro, próximo dos cursinhos da Walita no passado. “Mais-médicos” não tem nenhuma função social, apenas serve para acomodar interesses de Fidel e, ainda,  presenteá-lo com portos. Investir em nosso cursos de medicina e implantar plano de carreira para médicos do SUS seria louvável.
Sinto-me desobrigado de dizer mais, bem como com pena de quem teve a paciência de ler até aqui. Se você me deu o privilégio de ler até o fim, peço um último favor: o que disse é o que penso, não prometo que seja o certo ou o errado, cabe a você, leitor, o julgamento.

Só para encerrar retomo o título: Fim das eleições ou o fim de eleições? Este é o meu grande medo, pois se o PT tiver sucesso em sua jornada, corremos o risco de lembrar, daqui a algum tempo, de que as eleições de 2014 foram históricas, não pelo envolvimento dos eleitores, mas por ter sido a última antes de um período ditatorial. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo,
Tenho plena certeza de que todos os argumentos e, antes disso, os fatos de altíssima relevância que são pontualmente alocados no mui relevante texto, nos mostram o tamanho da encrenca que se desenrola pelos últimos 12 anos. Agora, com mais 4 anos, teremos a escalada final do aparelhamento estatal de uma vez por todas.
Conforme os preditos de gramsci, estamos seguindo a cartilha à risca.