Para iniciar a conversa, gostaria de solicitar àqueles
que estão dispostos a ler o texto até o fim, leiam-no, caso contrário abandonem
a leitura nesta linha.
Faço este comentário após as eleições, pois impus a mim o
compromisso de não me envolver em discussões políticas e ficar afastado. Não
fiquei fora por falta de convicção, mas por respeito à opinião alheia. Não
gostaria de correr o risco de influenciar alguém.
Aos que optaram por continuar lendo, faço um convite à
reflexão. Para que ninguém se engane, declaro meus votos: votei Aécio e
Sartori. Agora que sabem de onde falo, posso continuar. O meu voto não foi por
filiação partidária, muito menos por paixão política, foi construído ao longo
de muita análise dos candidatos. Posso ter errado, sim! Mas, se errei, foi com
convicção.
Vamos iniciar pelo Rio Grande do Sul.
Votei no Sartori porque era a única alternativa que restava,
tenho consciência de que o discurso dele não apresenta nada que possa
conquistar meu voto, pelo contrário. Sartori voltou com o discurso da
“meritocracia”, não prometeu nada ao setor da educação e pretende mexer no
plano de carreira. Foi parte do governo da Ieda e Brito! Espero que ele se
afaste destes funestos exemplos e aproxime-se do Rigoto que, embora tenha feito
um governo pífio, foi simpático.
Não votei no Tarso por duas razões simples: não aceito que
um homem público assine um plano (piso do magistério) e depois não o cumpra.
Não há razão para um político não cumprir a palavra empenhada. Um homem público
tem de ser alguém em quem eu possa confiar na palavra. O segundo motivo é o
lamentável episódio do Batisti. O fato é vexatório por uma razão simples. Se
havia motivo para a concessão de asilo para o italiano, com mais razão havia
para os cubanos. Duas ações contraditórias indicam a falta de lealdade a um dos
fatos. Falta de lealdade é um defeito que não aceito. Como se observa, as duas
razões são pessoais, nada mais há a discutir.
A Ana Amélia talvez fosse um boa opção, mesmo sendo
representante da antiga Arena (eleitor deve ter memória!), é um retrocesso que
não me agrada. A RBS já nos forneceu Brito, não seria interessante repetir a
mesma fórmula. Outro ponto que me desagrada votar nela é o fato de que para
assumir o cargo de governadora deveria trair os eleitores que votaram nela para
oito anos no Senado. Não gosto de políticos que abandonam cargos no meio de
mandato.
Os demais candidatos são apenas “piadas” oriundos de uma
legislação eleitoral inconsequente.
Vamos ao plano federal.
Como disse acima, votei no Aécio! Votei nele, não pelos
méritos, mas porque não votaria na Dilma de forma alguma! Aécio é o retorno de
FHC, sou aposentado e não sou “vagabundo” como disse o ex-presidente. O grande
mérito do FHC foi o Plano Real, mas o PSDB nunca defendeu este ponto, nunca
mostrou para a população o benefício de viver num país de inflação baixa. O
PSDB é inábil como oposição, perdeu excelentes oportunidades de desconstrução
do discurso petista e não soube construir o próprio discurso. O eleitor quer
resultados, não promessas. Há um erro muito grande de estratégia na campanha de
Aécio. Eles sempre propagou ter saído do governo com 92% de aprovação em Minas,
mas perdeu no primeiro e no segundo turno em sua terra natal. Algo há de
errado! A falta de política para as classes menos favorecidas decretou a
derrota no Norte e Nordeste onde as carências são maiores. Não basta dizer que
vai continuar os programas sociais do PT, isto a população já conquistou, ela
quer mais. Outro erro fatal foi apresentar o Armínio Fraga! O Brasil todo já o
conhece de longa data, bem como sabe de seu discurso do “estado mínimo”. O
Brasil entendeu a ameaça de desemprego em massa no setor público. Alguém pode
dizer que sou incoerente, mas aguardem as razões para não ter votado na Dilma
para que eu possa me reabilitar.
Não votaria na Dilma sob hipótese alguma por diversos
motivos. O mais imperioso é a necessidade de construção de uma imagem do Brasil
no conjunto das nações civilizadas. Dilma e o PT tem por opção o alinhamento
com ditaturas sanguinárias como Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Sem falar na
simpatia e diálogo com o Estado Islâmico. Dezesseis anos de governo, alinhado
com ditaduras cruéis, pode levar o país a um isolamento e profunda crise
econômica. Venezuela não pode ser o nosso futuro!
No plano interno, o aparelhamento do Estado é um ponto
vergonhoso no governo petista. Nem o STF escapou desta façanha. Hoje temos um
Supremo que é a voz do partido. Bastaria que as decisões do diretório nacional
do PT passassem a ter força de Súmula, coisa muito mais simples (e econômica).
O STF atual é uma instituição que não dá prosseguimento à história honrada do
passado da Justiça Brasileira. Se o STF reduziu-se a tanto, não há necessidade
de falar nos demais órgãos públicos. Só para encerrar este ponto. Alguém se deu
conta de que esta eleição foi conduzida pelo Presidente do TSE e ex-advogado do
PT?
O governo atual está progressivamente implantando um clima
revolucionário no País, a famigerada “luta de classes” está em curso. Norte
contra o Sul, negros contra brancos, operários (proletários) contra patrões
(burgueses), “T-shirts” contra “descamisados”, medicina de rico (Sírio Libanês)
contra medicina de pobre (médicos (?) cubanos), favela contra “asfalto”. Os
exemplos são muitos, mas bastam estes. Esta política do “nóis” contra “eles” é
o gérmen da disseminação do ódio entre grupos sociais. Esta é uma política
perigosíssima que pode resultar numa revolução “cubana” com todas as
consequências do regime castrista ou um caos do modelo chavista, com “pombas” e
“Maduros”. Como não sou adepto da “teoria do caos”, almejo que o resultado das
eleições possa ter mostrado ao PT que o “eles” não é sinônimo de “meia dúzia”.
Estes dois motivos já seriam suficientes, mas vou
acrescentar mais alguns que julgo de grande importância. Em primeiro lugar a
vergonhosa política de “cotas” que divide a sociedade entre brancos e negros. O
governo “esqueceu” de que as oportunidades devem ser para todos e não
privilégio de grupos. É mais fácil criar cotas do que investir numa educação
que dê oportunidades iguais. É mais fácil culpar o “eles” do que dar condições ao
“nóis” para competir em condições de igualdade. O tal de PRONATEC está muito
longe de ser qualificação profissional, quem pode ser considerado profissional
ao final de 180 h/a? É um projeto plenamente eleitoreiro, próximo dos cursinhos
da Walita no passado. “Mais-médicos” não tem nenhuma função social, apenas
serve para acomodar interesses de Fidel e, ainda, presenteá-lo com portos. Investir em nosso
cursos de medicina e implantar plano de carreira para médicos do SUS seria
louvável.
Sinto-me desobrigado de dizer mais, bem como com pena de
quem teve a paciência de ler até aqui. Se você me deu o privilégio de ler até o
fim, peço um último favor: o que disse é o que penso, não prometo que seja o
certo ou o errado, cabe a você, leitor, o julgamento.
Só para encerrar retomo o título: Fim das eleições ou o fim de eleições? Este é o meu grande medo,
pois se o PT tiver sucesso em sua jornada, corremos o risco de lembrar, daqui a
algum tempo, de que as eleições de 2014 foram históricas, não pelo envolvimento
dos eleitores, mas por ter sido a última antes de um período ditatorial.
Um comentário:
Caro amigo,
Tenho plena certeza de que todos os argumentos e, antes disso, os fatos de altíssima relevância que são pontualmente alocados no mui relevante texto, nos mostram o tamanho da encrenca que se desenrola pelos últimos 12 anos. Agora, com mais 4 anos, teremos a escalada final do aparelhamento estatal de uma vez por todas.
Conforme os preditos de gramsci, estamos seguindo a cartilha à risca.
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