Mais uma vez volto ao
tema das palestras e pregação ideológica. Ontem tivemos a “Aula Magna”,
proferida pelo Prof. Dr. Rodrigo Moraes de Oliveira. Infelizmente, mais uma vez
fomos obrigados a ouvir defesa de bandidos! É revoltante perceber o quanto a
esquerda tomou para si a defesa de criminosos. O discurso é sempre o mesmo - já
é um mantra – repetindo sempre que a sociedade é culpada pela criminalidade; a
inutilidade do sistema penal e o próprio Direito Penal; as más condições das
penitenciárias e que todos somos criminosos.
Impossível aceitar tais premissas e não vou delongar-me no
exame da cada uma, pois é inútil mostrar o sol ao cego ou o coro da nona para o
surdo. Vou apenas comentar duas passagens da palestra que para mim foram
emblemáticas. Falando sobre a redução da maioridade, o palestrante mostrou uma
foto do presídio central e perguntou para a plateia se é correto jogar um
menino de 16 anos naquele ambiente. Olhei para os lados para ver se alguém
estava comovido, mas não percebi nenhuma lágrima a rolar!
Com absoluta certeza, o palestrante sabe que menores de 18
não irão para o Central, mas para entidades especializadas. Qual a razão de
ocultar este detalhe? Apesar de insistir durante a sua preleção que sua fala
seria técnica, utilizou o emocional dos ouvintes para cooptá-los. Em outro
momento também utilizou o mesmo recurso. Ao mostrar três panelas de comida,
nomeou-as como feijão, arroz e carne, acrescentando a carência de frutas e
verduras!
Concordo plenamente com a miserabilidade da refeição, mas
fico bem mais condoído com a situação de muitos operários que madrugam, tomam
café preto com farinha de mandioca, levam marmita com feijão e farofa e os
filhos, ao acordarem, terão chá ou café preto em vez de leite! Este herói
merece o meu respeito e lamento pela sorte dele. Sei que isto não é uma questão
penal, pois a solidariedade humana, a compaixão com o próximo e o profundo
sentido de justiça falam mais alto e perturbam minha consciência.
Ninguém nega as condições de higiene do Central, mas quem
conhece o centro de uma favela, sabe que aquelas famílias estão em situação
igual ou pouco melhor, ou pior do que os habitantes do presídio. Não é justo
virar as costas para a dura realidade social de honestos trabalhadores e
dedicar tempo e intelecto para defender quem agride a sociedade.
Se algum professor solicitar relatório, valendo nota, terei
de produzir outro gênero de texto. Infelizmente, se isto acontecer, serei
forçado a expressar largos elogios ao nobre palestrante e manter silêncio sobre
o que penso, mas aqui nesta rede social, tenho a liberdade de expressão que me
concede a Constituição.
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