Mais leitura e menos doutrinação
Odiombar
Rodrigues
Diante da avalanche de textos defendendo o ensino de
filosofia e sociologia nas universidades, alguns pontos devem ser abordados. Primeiro,
o ensino destas disciplinas é fundamental para qualquer aluno, não há como, de
sã consciência, querer eliminá-las do currículo. Sou saudoso das minhas aulas
de filosofia, ainda no curso clássico quando pude ler grandes autores e
refletir sobre temas importantes. O que se condena, hoje, não é a filosofia,
mas alguns falsos professores que esquecem o campo da reflexão crítica para
assumirem discursos ideológicos.
Nefasto é levar os jovens a confundirem filosofia com
política, pior ainda, com política partidária. Filósofo de um só autor, de um
só pensamento nunca poderia reivindicar este título. O grande papel que
deveriam desempenhar seria motivar leituras mais amplas, autores com
posicionamentos diferentes e, assim, formar o senso crítico. Senso crítico
formado através da fala de professores, sem profundas leituras, não passa de
doutrinação!
Não sou, nunca fui filósofo, mas leio tantos autores que
posso afirmar possuir conhecimento razoável na área. Nunca tive a preocupação se
o filósofo era de direita, esquerda, cristão, ateu, idealista ou niilista. Para mim a leitura é um meio de conhecer, o que é diferente de aderir um determinado pensamento. Ainda
no clássico li Régis Jolivet e Marx em pleno regime militar! Tive encanto por
Kant e euforia com Sartre. Hoje, sou fã de Roger Scruton e Theodore Dalrymple,
grandes pensadores contemporâneos. Para que não se enganem, li Marilena Chauí,
até posso concordar com alguns pontos, mas abomino o discurso político dela.
Nas universidades, os professores, em geral, não proferem
aulas de filosofia, pois fazem apenas discursos políticos e ativistas e quando
indicam alguma leitura, estas são oriundas de uma mesma corrente de pensamento.
No caso do curso de Direito, tudo se resume no Manifesto de Marx, algum texto
de Norberto Bobbio e pequenos escritos de Foucault. Neste emaranhado imaginam
formar espírito crítico!!!!!
Cansados de ouvir doutrinação marxista em sala de aula,
muitos acadêmicos ficam atônitos. O medo da reprovação e a força do “argumento
de autoridade” dos professores inibe qualquer reflexão capaz de pôr dúvida
sobre visões distorcidas da realidade e o do pensamento de alguns autores. Esta
paralisia, no meio acadêmico, permite que tais “doutrinadores” continuem sua
saga de destruição do melhor que a academia pode dar que é a reflexão e o
pensamento crítico.
Este artigo pretende ser o primeiro de uma série que aborda
pensadores de forma independente, sem preocupação com filiação ideológica.
Este artigo pretende ser o primeiro de uma série que aborda
pensadores de forma independente, sem preocupação com filiação ideológica. O próximo texto é sobre o conceito de "mais valia" em Marx.
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