sexta-feira, 3 de julho de 2015

Mais leitura, menos doutrinação



Mais leitura e menos doutrinação

Odiombar Rodrigues


Diante da avalanche de textos defendendo o ensino de filosofia e sociologia nas universidades, alguns pontos devem ser abordados. Primeiro, o ensino destas disciplinas é fundamental para qualquer aluno, não há como, de sã consciência, querer eliminá-las do currículo. Sou saudoso das minhas aulas de filosofia, ainda no curso clássico quando pude ler grandes autores e refletir sobre temas importantes. O que se condena, hoje, não é a filosofia, mas alguns falsos professores que esquecem o campo da reflexão crítica para assumirem discursos ideológicos.


Nefasto é levar os jovens a confundirem filosofia com política, pior ainda, com política partidária. Filósofo de um só autor, de um só pensamento nunca poderia reivindicar este título. O grande papel que deveriam desempenhar seria motivar leituras mais amplas, autores com posicionamentos diferentes e, assim, formar o senso crítico. Senso crítico formado através da fala de professores, sem profundas leituras, não passa de doutrinação!

Não sou, nunca fui filósofo, mas leio tantos autores que posso afirmar possuir conhecimento razoável na área. Nunca tive a preocupação se o filósofo era de direita, esquerda, cristão, ateu, idealista ou niilista.  Para mim a leitura é um meio de conhecer, o que é diferente de aderir um determinado pensamento. Ainda no clássico li Régis Jolivet e Marx em pleno regime militar! Tive encanto por Kant e euforia com Sartre. Hoje, sou fã de Roger Scruton e Theodore Dalrymple, grandes pensadores contemporâneos. Para que não se enganem, li Marilena Chauí, até posso concordar com alguns pontos, mas abomino o discurso político dela.

Nas universidades, os professores, em geral, não proferem aulas de filosofia, pois fazem apenas discursos políticos e ativistas e quando indicam alguma leitura, estas são oriundas de uma mesma corrente de pensamento. No caso do curso de Direito, tudo se resume no Manifesto de Marx, algum texto de Norberto Bobbio e pequenos escritos de Foucault. Neste emaranhado imaginam formar espírito crítico!!!!!

Cansados de ouvir doutrinação marxista em sala de aula, muitos acadêmicos ficam atônitos. O medo da reprovação e a força do “argumento de autoridade” dos professores inibe qualquer reflexão capaz de pôr dúvida sobre visões distorcidas da realidade e o do pensamento de alguns autores. Esta paralisia, no meio acadêmico, permite que tais “doutrinadores” continuem sua saga de destruição do melhor que a academia pode dar que é a reflexão e o pensamento crítico.
Este artigo pretende ser o primeiro de uma série que aborda pensadores de forma independente, sem preocupação com filiação ideológica. 

Este artigo pretende ser o primeiro de uma série que aborda pensadores de forma independente, sem preocupação com filiação ideológica. O próximo texto é sobre o conceito de "mais valia" em Marx.

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